quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Campo 2 - Mais um dia duro pela frente - 5.488 metros de altitude

Dia 9 - Campo 2 - 5488 metros de altitude

Acordamos 7 e pouco da manhã. Passei bem a noite, apenas com um pouco de calor. Acredito que foi a febre baixando, mas tudo certo.
Como nos outros dias, o guia Edu me ajudou com a hidratação e preparou todo o café da manhã. Fiquei na barraca descansando até o porter responsável pelo transporte da nossa barraca chegar, e me expulsar.  Dei uma leve ajuda para desmontar a barraca mas o trabalho pesado ficou com ele e com o Edu.
Terminei o café da manhã e a arrumação da mochila já do lado de fora da barraca.
Logo depois, descemos até um pequeno riacho para pegar a água que utilizaríamos até o Campo 2.



A caminhada já começa inclinada e piora até chegar ao topo do vale. São mais de 2 horas andando sobre o gelo.
Foto:  Marcio Yatsuda - Caminho para o Campo 2
O Alívio foi imenso quando conseguimos sair do vale que liga o Campo 1 a Plaza Argentina (campo base). Ver uma paisagem diferente e uma outra face da montanha, me trouxe mais motivação para continuar. A inclinação desses trechos também é bem menor, o que facilita bastante.
Paramos algumas vezes, mas apenas uma para um bom lanche. Após 5 ou 6 horas, chegamos ao Campo 2 ou também chamado de Campo 3 de Guanaco.


Campo 2 ou Campo 3 de Guanaco


Foto: Marcio Yatsuda - Campo 2 ou Campo 3 de Guanaco
Cheguei bem cansado, mas feliz. Fui muito bem recepcionado por todos os outros integrantes do grupo que estavam aproveitando o dia de descanso. Tratei logo de ir para barraca descansar e me hidratar.
No fim do dia tive a ótima notícia, que devido ao bom tempo, o grupo todo descansaria mais um dia no campo 2, antes de nos dirigirmos para o campo 3.
Foto: Carlos Santalena - Campo 2

Acordei no meu merecido dia de descanso bem disposto, mas com um pouco de frio. Achei estranho, mas preferi esperar um pouco. Depois de algumas horas medimos minha oximetria que, infelizmente, estava abaixo do limite. Como esse era o único sintoma de mal de altitude que estava sentindo, optei por me medicar e tentar melhorar para o dia seguinte.





quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Vamos para cima - Campo 1

Dia 8 - Campo 1 - 4988 metros de altitude

Acordei bem disposto, mas ainda com problemas estomacais. Tomei um café reforçado e parti com o Guia Eduardo Sartor da Grade 6, rumo ao acampamento 1.
Último dia em Plaza Argentina
A caminhada foi exatamente igual a do dia da aclimatação com a diferença do peso da mochila que estava com 23 kg.
Caminhamos por aproximadamente 5 horas entre os penitentes de gelo e encostas com muitas pedras soltas.
Risco de avalanche
Penitentes ao fundo - subida campo 1
Passamos por um grande susto quando uma pedra de mais de um metro de largura se soltou e veio em nossa direção. Por sorte, acabou se desviando e parando no meio da geleira, sem ferir nenhum dos montanhistas que vinham logo abaixo.
O dia de caminhada foi extremamente difícil pois, além de todas as dificuldades do terreno que já eram conhecidas, ainda foi preciso enfrentar trechos que antes eram neve, mas nesse dia haviam se transformado em gelo.
Cheguei exausto ao Campo 1, mas fui muito bem assistido pelo guia Eduardo Sartor da Grade 6, que realizou todas as tarefas sozinho e garantiu uma ótima hidratação e um ótimo jantar (comida liofilizada e sopa).


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A Virose - Plaza Argentina - 4.261 metros de altitude

Dia 7 - Plaza Argentina - 4261 metros de altitude

Acordei por volta de 01:00 hora da manhã com fortes dores do estômago e indigestão. Na hora achei que o jantar não havia caído muito bem, tratei logo de tomar um sal de frutas e voltar a dormir... Acordei novamente as 06:00 horas já muito enjoado e com fortes dores no abdômen. Saí da minha barraca, a qual dividia com um colega e fui direto para a barraca refeitório. Por volta das 07:00 comecei a beber um chá bem amargo que prometia melhorar o enjoo, mas não tardou para eu começar a vomitar. Também visitei o banheiro algumas vezes nesse período.
Assim que o posto médico abriu, lá estava eu de casaco pesado e tremendo de frio. Fui examinado pelo médico e como minha saturação sanguínea ainda estava dentro dos limites, fui autorizado a tentar recuperar no próprio campo base, mas para isso fui medicado com comprimidos e uma injeção.
Nesse dia, assisti 3 dos meus companheiros descendo da montanha de helicóptero, um deles, com os mesmos sintomas que eu estava sentindo. Pensei várias vezes em desistir e aproveitar para dividir o custo do vôo de volta, mas no fim resolvi descansar e ver até onde conseguiria aguentar.

Última noite em Plaza Argentina


Plaza Argentina - 4.261 metros de altitude

Dia 4 - Plaza Argentina - 4261 metros de altitude

Plaza Argentina é um acampamento bem menor que Plaza de Mulas, mas também é muito bem estruturado. Lá existe acesso a internet (US$ 30/dia), banho (US$ 20) e uma estrutura com barraca refeitório e equipe de cozinha.
Nascer da lua - Plaza Argentina

Chuveiro
Nosso primeiro dia foi reservado para descansar. Já havíamos tomado banho no dia anterior então restou aproveitar a internet e focar na hidratação, importante fator na montanha. 
O único exercício feito nesse dia foi uma pequena caminhada para relembrar as técnicas de caminhada no gelo.
Treinamento 

Plaza Argentina
Dia 5 - Aclimatação campo 1- 4988 metros de altitude


O processo de aclimatação exige um pouco de paciência. Nesse dia saímos de Plaza Argentina em direção ao campo 1, com as mochilas bem leves e com botas duplas. O dia estava bem quente, então não foi necessária a utilização de roupas mais pesadas.
O terreno é bem inclinado, o ritmo cadenciado e esforço imenso. Não me senti muito bem nesse dia.
Dores de cabeça e enjoo fizeram parte do meu processo de aclimatação enquanto subia, mas incrivelmente todos os sintomas do mal de altitude desapareceram quando voltamos para Plaza Argentina.
Subida para o campo 1
Raposa roubando algum alimento das barracas



Dia 6 - Plaza Argentina - 4261 metros de altitude

Outro dia de descanso e muita hidratação. aproveitei para tomar mais um banho, o último até Plaza de Mulas.
Tudo estava perfeito!  Consegui me aclimatar bem, estava com boa saturação (quanto oxigênio seu sangue está transportando), muito bem hidratado e com bastante apetite.
Aproveitei o dia para separar todas as coisas que iria levar para os campos altos, deixando na duffle todos os itens que só precisaria em Plaza de Mulas (outro lado da montanha).
Despedida Plaza Argentina - Só que não...
Aconcágua visto de Plaza Argentina




domingo, 12 de fevereiro de 2017

A aproximação


Nove anos se passaram, desde que ouvi pela primeira vez meu ex chefe, Marcello Chiasso, contar sobre suas tentativas de escalar o Aconcágua e sua bem sucedida chegada ao cume. Agora, finalmente, estava iniciando minha caminhada no Parque Provincial do Aconcágua.


Normalmente, as expedições entram no parque por Horcones e se dirigem diretamente para o acampamento Plaza de Mulas em um único dia. Nossa escolha foi a Rota 360 graus que inicia-se em Punta de Vacas e nos leva em 3 dias de caminhada até  outro campo base chamado de Plaza Argentina, situado no lado da montanha.
Entrada do Parque Provincial Aconcágua



















Dia 1 - Pampa Leñas - 2960 metros de altitude

Começamos a caminhar por volta das 10:00 horas da manhã. Levamos 05:30 para percorrer os 13,5 km que separam Punta de Vacas  do nosso primeiro acampamento Pampa Leñas. 
O trajeto não possui muitas subidas mas o terreno é bem técnico cheio de pedras soltas. 
Chegamos cansados, mas ainda precisávamos armar as barracas e organizar nossas coisas antes de pararmos para jantar. PS:As Duffle Bags são transportadas por mulas nesses primeiros dias de caminhada, restando apenas as mochilas de ataque para serem transportadas por nós. 
Início da caminhada
Dia 2 - Casa de Piedra - 3320 metros de altitude

Acordamos cedo para desmontar as barracas, arrumar as coisas, despachar a Duffle Bags pelas mulas e tomar um reforçado café da manhã. 
Check-list finalizado, partimos em direção a Casa de Piedra. O terreno não mudou muito, apenas algumas subidas e descidas mais fortes durante os 18 km do percurso que foi percorrido em 06:50 horas, com forte vento contra e muitas pedras soltas.
Esse lado da montanha é um pouco mais selvagem do que o tradicional. Nesse dia, pudemos ver um guanaco, que nos acompanhou durante um bom trecho e também foi possível ter a primeira visão do Aconcágua, bem no fundo do vale que teríamos que cruzar no dia seguinte.
Armar a barraca com vento não é uma tarefa trivial. Demoramos um pouco, mas no fim tudo deu certo. 
Primeira visão do Aconcágua
Guanaco

















O ponto alto do segundo dia de caminhada foi o jantar. Os arrieiros responsáveis pelas mulas prepararam um churrasco que foi armonizado com um ótimo vinho local.
Por fim, como nem tudo são flores, por sinal muito mas muito longe disso, conheci o tão temido banheiro do Aconcágua. Ele é apenas uma caixa metálica com um buraco onde fica posicionado um barril, que quando cheio é retirado de helicóptero pelo guarda-parques. O cheiro é insuportável quando está perto da sua capacidade, porém é a única opção, pois existe multa caso as necessidades sejam feitas em um local próximo.

Banheiro em Casa de Piedra






















Dia 3 - Plaza Argentina - 4261 metros de altitude

O processo é sempre o mesmo: acordar, arrumar as coisas, desmontar a barraca, despachar a duffle, tomar café e começar a andar. A única diferença é que as botas de caminhada só podem ser calçadas após atravessar o rio Horcones, extremamente gelado, formado pelas águas de degelo das montanhas próximas.
Os primeiros passos são extremamente doloridos, mas rapidamente se perde a sensibilidade e após alguns segundos não sente mais nada do joelho para baixo. Tarefas como colocar as meias e as botas ficam totalmente diferentes.  Só voltei a sentir os pés 20 minutos após iniciar a caminhada.
Logo após o rio entramos no Vale dos Relinches. Ao contrários dos outros dias, o caminho é extremamente íngreme e com alguns trechos expostos. Por isso o nome do vale.
Nesse terceiro dia, percorremos aproximadamente 14 km em 7 horas e desnível de 1.100 metros, para chegar em Plaza Argentina. 
Vale dos Relinches
Chegada em Plaza Argentina





Plaza Argentina