segunda-feira, 6 de março de 2017

Para baixo todo santo ajuda - A volta

Dia 13 - Campo 3 - Cólera - 5965 metros de altitude 
Acordei muito cansado e tossindo bastante. Durante a noite tive uma crise de tosse que acordei metade do acampamento.
Para piorar a minha situação (que já não era das melhores), o fato de não ter conseguido me hidratar e de não ter comido quase nada, me deixou ainda mais fraco.
O café da manhã foi servido ainda dentro das barracas, mas agora era hora de arrumar as coisas para partir. Essa seria a última vez que desmontaríamos a barraca, e depois caminharíamos com a mochila cargueira (agora estava com aproximadamente 20 quilos).
Tentei consumir o máximo de água possível. Já com meus itens pessoais arrumados, saí da barraca para desmontá-la junto com os guias da Grade 6.
A descida até Plaza de Mulas dura aproximadamente 6 horas. A caminhada é feita pelo outro lado da montanha e passa por todos os 3 campos (do outro lado da montanha), em apenas um dia.
As botas duplas são utilizadas até o fim do trajeto, mas as roupas são bem mais leves do que as utilizadas para o ataque ao cume.
Trecho que divide o campo 3 (Cólera) do campo 2 (Nido de Cóndores) - Foto: Marcio Yatsuda
Trecho que divide o campo 2 (Nido de Cóndores) do campo 1 Plaza Canadá - Foto: Marcio Yatsuda
Último trecho da descida antes de chegarmos a Plaza de Mulas - Foto: Henrique Scalco Franke
Nesse dia, ao contrário da volta do cume, meu cansaço foi diminuindo a medida que descíamos. O grande problema ainda era a tosse que estava cada vez mais forte e constante.
Chegamos em Plaza de Mulas e fomos recepcionados pela equipe da operadora local, Acomara, com um banquete. Pizza, coca-cola, cerveja, sucos, espumantes e a tão sonhada água mineral. Era o que eu precisava para me recuperar.
Nesse momento, o grupo se juntou para festejar a vitória!
Ficamos reunidos por algumas horas antes de recuperarmos nossas duffles bags, que havíamos despachado pelas mulas em Plaza Argentina.
Banquete de comemoração em Plaza de Mulas - Foto: Marcio Yatsuda
Já com as camas escolhidas, isso mesmo CAMAS, nos organizamos para o banho. Afinal, já estávamos há 6 dias só utilizando lenços umedecidos.
Também aproveitei para ir até o posto médico, uma vez que minha tosse estava muito forte e eu ainda apresentava alguns sinais de desidratação.
No caminho do posto médico, passei com o guia da Grade 6 Carlos Santalena no acampamento de uma outra empresa brasileira chamada Gente de Montanha, chefiada pelo guia Máximo Kausch. Estávamos procurando o atleta Brasileiro Bernardo Fonseca que também estava tentando o cume (conseguiu). Não demoramos mais de 3 minutos para encontrá-lo e, junto a ele, o guia Máximo. Ficamos mais de 30 minutos conversando antes de irmos ao médico.
A consulta foi rápida. Verificaram minha oximetria e escutaram minha respiração. Perguntaram se eu estava subindo ou descendo. Como a resposta foi descendo, fui liberado sem grandes observações: me alimentar e me hidratar bem.
Último jantar em Plaza de Mulas
Aconcágua visto de Plaza de Mulas

Aconcágua Vermelho - Por do sol visto de Plaza de mulas

Noite no acampamento Plaza de Mulas
Dia 14 - Plaza de Mulas - 4398 metros de altitude

Dormi muito bem! Acordei apenas para ir no banheiro, mas nada anormal.
A rotina não mudou muito: tomamos café, despachamos as duffles bags e partimos para nossa última caminhada.

Despedida do acampamento Plaza de Mulas
Como optamos pela rota 360º, fizemos a caminhada de quase 30 quilômetros descendo. Normalmente, os escaladores que optam pela rota normal fazem esse trecho de aproximação, que sai de Horcones e vai até Plaza de Mulas,  em apenas um dia.
Playa Ancha - Foto: Marcio Yatsuda
Playa Ancha - Caminho sem fim
Logo no início existe uma descida bem íngreme. Em seguida, o caminho fica praticamente plano. Existem algumas travessias de rios. Nesses momentos, é preciso descer e subir as encostas, algumas delas com desníveis de quase 100 metros.
Confesso que depois das primeiras 4 horas, já estava rezando para chegar. A caminhada é muito monótona e a paisagem tem poucas alterações até chegarmos na parte baixa do parque.
Parte baixa do Parque Provincial do Aconcágua

Saída do parque - Horcones - Rota 360º concluída
Nos últimos quilômetros, acabei me afastando um pouco do grupo. Eu já estava cansado e também aproveitei para tirar mais algumas fotos.
O fim do trajeto é muito bonito! Todo caminho é feito ao lado do rio Horcones e, nos últimos quilômetros, a paisagem vai ficando mais verde, com pássaros e o Aconcágua ao fundo.
No fim, existe uma lagoa, onde no dia, diversas pessoas estavam praticando Yoga, enquanto passávamos totalmente exaustos após tantos dia na montanha.
Todos chegaram bem! O grupo se reuniu e fomos novamente para o abrigo de montanha em Penitentes onde comemos e bebemos algumas cervejas. Havia SIM chegado ao final, feliz!
Refugio de montanha Cruz de Caña
Penitentes
Autografo de toda a equipe!

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